quarta-feira, 21 de abril de 2010

Prostitutas e suas piteras


Porque eu posso rodar minha bolsa, chamar doce aquele homem já desesperado. Acolher ele contra meu seio, fingir que estou gostando de tudo aquilo. Dar prazer e não receber prazer em troca.

Porque eu posso ser usada, jogada fora, ficar a espreita para ser devorada novamente. E então, de mansinho, ficar recolhendo os cacos no final do dia. Lascas da minha alma que noite a noite eu perco na calçada, na cama, na roupa alheia, nas bitucas que não joguei no lixo.

Porque vocês vão me querer de qualquer jeito, sou essencial, tem gente que não sobreviverá minha ausência. Sou a luz divina, minha vagina é motivo de risada, jubilo e afeição. Queria que isso fosse real, queria acordar na manhã me sentindo melhor que uma camisinha.

Porque eu não preciso de desculpas, não preciso de uniforme, protocolo. Não posso fugir e não posso esquecer. Já foi, está sendo e será por um longo tempo.

Porque fico nua na cama, fumo meus cigarros e leio poesia.


Porque assim ninguém pode me chamar de puta, mesmo eu não deixando de ser.

Um comentário: