quarta-feira, 19 de maio de 2010

Meu amor não quer brincar

Relaxada, como se o mundo fosse esperar por cada atraso seu. O chinelo pendendo leve nos pés esticados para fora da rede. O sorriso de satisfação estampado, uma careta de luxúria. Uma só molécula de amor. O resto é banal, a musica é banal, a comida é sem sal, o sexo é sem sal, a televisão virou jornal e a expressão foi puramente oral: Amor, me traz mais um café?

É uma sonolência inspirante, os suspiros do seu transe são hipnóticos. Aos seus pés eu oro, imploro, faço de Deus um ouvinte coitado, atormentado pelas minhas súplicas. Não ouse você roubar do meu pomar fruto tão belo, do meu jardim, tulipa tão clara, do meu mar, onda tão perfeita. Que fique eterna na minha rede, essa moça de cabelo moreno, sardas pequenas e ingênua, tão ingênua. Não faz idéia de quem irá mata-la sou eu.

Na sua consciência não existe tal problema, se quer problematização existe. Na minha rede o mundo é um plano simples: Sou o seu servo e cada sua vontade é um decreto.

Em minha consciência não existe problema, mas se cria problematização. No meu chão há um só dilema: Meu amor não quer brincar.

O que você vê nos seus dias transparentes alem do verde dos próprios olhos, instigantes, no espelho da minha retina? Será que vê o meu marrom atormentado? O meu braço erguido em súplica de atenção? Existe no seu plano, o plano que eu sustento com o sangue em brasa, a mera imagem minha? A resposta é não.

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