segunda-feira, 26 de julho de 2010

Teoria da viagem


O viajante parte em busca de algo que vai além da sua percepção inicial. Mais fácil dizer que parte em busca de algo que desconhece. O faz porque não aguenta mais desconhecer e se joga na direção mais favorável à sua descoberta. E o faz feliz, porque independente do resultado ele tentou. Ele levantou suas barreiras e pôs o pé na estrada. É motivo de orgulho, razão de força. Se sente completo, e ao mesmo tempo vulnerável com a saudade de casa. Saudades do conforto do dia-a-dia, qualquer que seja a rotina. A viagem traz o acaso. Na estrada não se tem horas, a paisagem é um quadro em eterna mutação, de todas as tintas e tons possíveis.
O passado, presente e futuro se misturam enquanto o espaço corre, o vento varre a mente e os olhos se abrem em cada nova paisagem.

E a melhor parte da viagem é sempre o retorno. É sempre a soma das lembranças, gostos e toques. Das ideias fervilhantes, cadernos preenchidos e o cansaço. Não aquele banal, diário. Mas o cansaço da viagem, aquele que força o ex-viajante à se jogar no sofá e observar como o tempo passa devagar depois da viagem. E aquela sensação de nunca ter partido. A verdade é que o viajante leva seu lar para onde vai, mas apenas o percebe quando retorna. E também fica aquela sensação de vazio, de incerteza se encontrou o que queria. Se o que encontrou era o que buscava.
E pior, será que encontrou alguma coisa diferente do que havia ali, naqueles mesmos cômodos escuros?

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